O estudo do Paraná, “do tupi mparanã, rio largo, rio mar”, implica em vários desafios para os historiadores e cientistas sociais.
Em primeiro lugar, a própria “invenção” do Paraná, isto é, a sua concepção intelectual e política representou a confluência de vários interesses, especialmente das elites ervateiras e madeireiras do sul, da região de Curitiba e Guarapuava e do governo central. Pelo lado dos futuros “paranaenses” a ampliação das possibilidades de exportação do mate e da madeira para os países da bacia platina era o principal objetivo. Pelo governo central, tratava-se de um objetivo estratégico de fortalecimento das defesas do país, cada vez mais envolvido nas tensões da mesma região, tensões que o próprio governo imperial cuidou de estimular e agravar.
Assim, dos relatórios do primeiro presidente da província, Zacarias de Góes e Vasconcelos, vê-se a preocupação com a construção de estradas que ligassem o litoral aos campos gerais e ao porto de Jataí, ramal importantíssimo para se chegar ao Mato Grosso e ao Paraguai. Jataí já era, desde 1851, sede da Colônia Militar, construída com objetivos de consolidação da defesa do sul. Entrevê-se claramente no relatório, a busca de rotas alternativas para o Mato Grosso e Paraguai, buscando contornar a entrada da Bacia do Rio da Prata, convulsionada pelos conflitos entre Brasil, Confederação Argentina, Uruguai e Paraguai. Ao mesmo tempo, a busca de fortalecimento e revigoramento de caminhos como os que ligavam o extremo sul do país a São Paulo e Minas Gerais, bem como ao Rio de Janeiro e o estímulo à navegação de cabotagem demonstram a vontade do governo imperial de fortalecer a integração e fortalecimento do espaço sul ao Império.