De abordagens metodológicas a relatos de experiência, esta obra reúne textos que partem de algum tipo de “letramento reexistencial” como um caminho para debater e pôr em prática questões contemporâneas intra e extraliterárias, as quais afetam o modo de ver e fazer literatura atualmente. Consideramos o pressuposto de Souza (2009), que elenca a necessidade de questionar as práticas sociais de letramento legitimadas e buscar formas de reexistir ante uma sociedade racista – que nega, invisibiliza e exclui diversos grupos e sujeitos sociais. Diante disso, a difusão, o consumo e aproximação com as diversas manifestações literárias de autores de grupos historicamente minorizados (indígenas, afro-brasileiros, imigrantes, mulheres, LBGTQIA+, entre outros) pode se tornar um viés de reexistência, (re)ssignificação e valorização destas literaturas e, por conseguinte, um olhar mais humano a essas populações. Os textos deste livro procuram abordar uma reflexão acerca do que é literatura e qual o seu papel nessa sociedade capitalista, machista e racista, debruçando-se sobre a necessidade de diálogo com outras literaturas que vão mais além do cânone literário e que descentralizem o eixo da leitura literária a partir de outras vivências. Desejamos que o letramento literário de reexistência contribua para que as produções literárias de reexistência e suas literaturas tidas como “periféricas” assumam um lugar que é seu por direito. Significa dizer que nosso objetivo será alcançado quando o letramento literário de reexistência transcender as práticas e/ou debates aqui apresentados, acerca da literatura, que para Candido (1988, p. 176) “humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.