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Crescer fora de água? – Expressividades, posicionamentos e negociações identitárias de jovens de origem africana na região metropolitana de Lisboa
註釋

O projecto de investigação Crescer fora de água? – Expressividades, posicionamentos e negociações identitárias de jovens de origem africana na região metropolitana de Lisboa, teve como principal objectivo contribuir para o conhecimento dos processos de integração e (re) negociação identitárias de jovens descendentes de migrantes originários dos PALOP a partir de uma perspectiva que elegeu como objecto de análise um conjunto de práticas expressivas que contemplam a produção e o consumo/apropriação de produtos culturais determinados. 

As razões que justificaram a escolha desta população específica resultam do cruzamento de duas especificidades: em primeiro lugar, as “segundas gerações” de origem africana (PALOP) correspondem a um número relativamente alargado de indivíduos, sobretudo se confrontado com o número de indivíduos pertencentes às “segundas gerações” de migrantes com outras origens; em segundo lugar, as migrações africanas para Portugal foram fortemente marcadas pelos laços históricos que ligam as antigas colónias a Portugal o que, por si, constitui uma dimensão significativa a ter em conta quando se procuram observar as políticas de integração e posicionamento destas populações migrantes, sobretudo por confronto com as desenvolvidas por outros grupos com origens diferentes. 

O projecto de investigação foi desenvolvido a partir de uma perspectiva centrada na análise de um conjunto de práticas expressivas, observadas simultaneamente enquanto referentes e enquanto materializações identitárias. Uma abordagem centrada nas práticas de consumo e num conjunto de actividades expressivas ligadas à música e à dança surgiu como uma das vias possíveis para trabalhar com uma franja da população que se encontra numa fase da vida especialmente intensa no que respeita à gestão da sua identidade social e cultural, à determinação das suas presenças e pertenças sociais e à negociação de posicionamentos no quadro das diferentes esferas (família, escola, trabalho) que marcam os seus quotidianos. 

A pesquisa foi organizada a partir dos seguintes objectivos: 

Objectivos gerais: 

a) Promover a integração dos estudos das culturas expressivas no amplo e complexo terreno das migrações na contemporaneidade;
b) Fundamentar a análise das produções e dos consumos expressivos como uma dimensão relevante para o entendimento das políticas de integração e de negociação identitárias das “segundas gerações”;
c) Observar o papel desempenhado pelas práticas expressivas na mediação dos relacionamentos com a origem, na reescrita das autobiografias pessoais e nas estratégias de afirmação e posicionamento nos diferentes contextos que compõem os quotidianos dos sujeitos;
d) Discutir o recurso a práticas expressivas específicas enquanto elementos de legitimação de um projecto identitário migrante e enquanto factores de agregação, coesão social e afirmação cultural pelas “segundas gerações”;
e) Contribuir para a afirmação das abordagens centradas na “vida quotidiana” enquanto terreno de análise produtivo para o entendimento dos processos de (re) construção identitária no quadro dos estudos das migrações em Portugal;
f) Desenhar e testar uma abordagem metodológica e um conjunto de instrumentos de análise (guiões de entrevistas, grelhas de análise de conteúdo) que possibilitem o desenvolvimento de posteriores estudos na área.

Objectivos específicos: 

a) Contribuir para um aprofundamento dos conhecimentos existentes acerca dos processos de integração social e (re)construção identitária das “segundas gerações" de origem africana na área metropolitana de Lisboa;
b) Registar as especificidades e as continuidades encontradas ao nível dos discursos e das práticas em relação à primeira geração migrante.
c) Registar os discursos dominantes sobre o contexto português, os relacionamentos com as diferentes instituições formais que a compõem (especialmente com o Estado e com a escola) e com as diferentes esferas de pertença (família, grupo de pares) e de referência;
d) Observar os processos de socialização, quer ao nível dos seus conteúdos, ritmos e especificidades próprias, quer no que respeita ao desempenho dos diferentes agentes que nele intervêm;
e) Analisar os processos de constituição, manutenção e gestão das redes sociais informais de pertença dos sujeitos e medir o contributo das práticas expressivas para estes processos.
d) Recolher e analisar os consumos (alimentação, vestuário, adereços, marcação do corpo, artísticos, mediáticos) dos jovens, observar a sua relação com os discursos recolhidos acerca das temáticas enunciadas e medir a sua “eficácia” enquanto expressões significativas dos posicionamentos e colocações assumidas no espaço público. 

Não sendo pioneiro em termos da temática sobre a qual se debruça, este projecto de investigação assume claramente o estatuto de primeira abordagem, ou estudo exploratório, no que respeita à perspectiva de análise e à estratégia metodológica que o conduziram.