"A palavra “biopolítica” denota basicamente uma política que lida com a vida, ao contrário das diversas concepções que percebem na política um campo que transcenderia a banalidade do biológico. Não obstante, na esteira histórica o termo se apresenta fortemente polissêmico, distinguindo-se entre concepções que tomam a vida como elemento fundamental da política e outras que a percebem apenas como seu objeto.

Este desdobramento permite que, por um lado, o conceito seja compreendido como expressão de um governo da vida, que se apropria de sua potencialidade a partir de processos de regulação ou de inclusão-exclusiva; e, por outro, como a vitalidade que emana da potência do comum, dos processos colaborativos de produção levados a cabo por um amálgama social irrepresentável, composto por singularidades em constante mutação. Dada tal bifurcação, torna-se necessário que também o “comum” seja analisado como uma categoria política, de modo a melhor desvelar as dimensões da biopolítica.

Foi a partir deste horizonte que, entre os dias 04 e 06 de novembro de 2017, o Grupo de Trabalho sobre “Biopolítica e o comum” do Seminário Internacional desobediências e democracias ra- dicais: a potência comum dos direitos que vêm discutiu o tema da biopolítica em seus múltiplos usos – incluindo seus desdobramentos conceituais tais como a noopolítica, a ecopolítica, a tanatopolítica, entre outros – sob perspectivas tanto teóricas quanto empíricas, bem como a questão do comum e os projetos políticos que o abarcam, dispondo-se a refletir sobre as possibilidades de ruptura dos seus ciclos de expropriação pelas forças privadas. O resultado dessa experiência são os escritos que agora compõem este volume." - Os organizadores.

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