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註釋

 Força da natureza, apelo fascinante à demanda, metáfora existencial ou elo mediador entre populações, o Mar é um elemento sobre o qual desde sempre se têm vindo a espelhar, de forma palmar, anseios, empresas e avanços da Humanidade. Este segundo número da 3.ª série de Biblos. Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra dedica-lhe, pois, um conjunto de trabalhos concebido a partir de várias abordagens.
A riqueza do tema é bem ilustrada pela diversidade dos campos disciplinares em que se integram os artigos publicados, entre História da Antiguidade e História Contemporânea, Biologia e Geopolítica, Literatura e Sociologia.
A esse conjunto de estudos, acrescenta-se um contributo de ordem literária e uma entrevista, bem como uma rubrica de recensões relacionadas com a matéria.
Com efeito, a grande massa de água salgada que cobre a superfície do globo fica afinal contida nas depressões de relevo da litosfera, o que faz de qualquer oceano um medium terraneum. Já as mais ancestrais culturas consideravam a água um elemento primordial para a formação do universo e para a compreensão do sentido do cosmos. Ao longo dos séculos, as suas características físicas têm vindo a ser associadas a um simbolismo genesíaco e revitalizador que conjuga constantes, diversidades e localismos.
Mais de dois terços da esfera terrestre são recobertos por oceanos e um dos primeiros desafios que o homem enfrentou foi o de desbravar e desvendar os seus enigmas. A sua exploração introduziu grandes modificações na vida gregária, com a troca de experiências, de ideias e de bens entre populações afastadas. Esse intercâmbio logo se erigiu em pilar do desenvolvimento da vida urbana e do espaço público. A simbiose entre água e terra não só condicionou técnicas e modelos de exploração marítima, como também formas específicas de tratamento e organização da terra. Implicou por isso questões de domínio territorial, em momentos de expansão ou de contração, o que fez com que um dos setores mais precocemente regulamentado por normas do direito internacional fosse o marítimo.
Nos nossos dias, os oceanos proporcionam formas de comunicação indispensáveis, sendo além disso uma fonte de recursos riquíssima. Repartem-se em superfícies aquáticas menores, não raro ligadas entre si e até em relação com mais do que um oceano: os mares. A própria Europa teve por berço um mar, o Mar Mediterrâneo. Foi nele que o Oriente se encontrou com África, que os Alpes se cruzaram com o deserto do Saara, que o Nilo e o Tibre juntaram as suas águas. Com ele germinou e cresceu, da mesma feita, o sonho de deixar para trás as Colunas de Hércules e de seguir as rotas oceânicas. O Mediterrâneo Afro-Europeu-Asiático, o Mediterrâneo Americano, o Mediterrâneo Austral‑Asiático, o Mediterrâneo Glacial Ártico, bem como outros mares que reentram na mesma tipologia são todos eles media terranea.
Mar de Rita Marnoto (Coordenadora da Direção Executiva)