Internado por duas vezes em instituições psiquiátricas por delírios alcóolicos, Lima Barreto documentou em Diário do Hospício sua passagem pelo Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, de maneira lúcida e contundente. No romance inacabado O Cemitério dos Vivos, o autor transpôs para a chave ficcional a mesma vivência.
Os dois textos foram publicados em conjunto postumamente.
“Houve quem perguntasse: bebemos porque já somos loucos ou ficamos loucos porque bebemos?”
— Diário do Hospício
“O que me roía era o silêncio, era calar, esconder o que eu tinha de mais eu mesmo na minha vida.”
— O Cemitério dos Vivos
Neste volume apresentam-se dois textos de Lima Barreto. O primeiro - Diário do Hospício - combina memórias e reflexões acerca da vida no manicômio (e fora dele, algumas vezes), constituindo-se no diário do escritor, relativo ao período de 25 de dezembro de 1919 a 2 de fevereiro de 1920, em que se encontrava internado no Hospício da Praia Vermelha. O segundo texto - O Cemitério dos Vivos - apresenta caráter ficcional e, apesar de centrar-se em um núcleo familiar, remete muitas vezes às observações transcritas no Diário do Hospício:
Acrescentou-se aos dois textos um conto, "Como o homem chegou", em que um episódio ocorrido com o autor, por ocasião de seu primeiro internamento, serve de base à fabulação. Nos textos agrupados neste volume, encontra-se a necessidade de entender o enigma da vida humana, de uma maneira mais intensa.