Baltasar Gracián é daquelas mentes privilegiadas que conseguiu
observar o mundo a sua volta e descrever o que acontecia de
forma tão clara e profunda que permaneceu atual e relevante por
séculos, ou seja, ele olhava e via o cerne da questão.
Este A arte da prudência é diferente das outras edições que
foram publicadas no Brasil. Teve a tradução de um especialista
em gestão com sólida formação acadêmica e experiência no mundo
dos negócios para fazer ligeiras adaptações que não sobreviveram
aos séculos (todas claramente identificadas) e propor um
novo agrupamento dos aforismos, uma nova classificação para um
mundo onde as empresas atingiram papel principal. No mundo
onde Gracián viveu as instituições dominantes eram outras. Essa é
a beleza, praticidade e funcionalidade desta obra. Daquelas raras
que com uma frase botam o leitor para pensar, discutir e espalhar
o que acaba de ver.
O fato da leitura poder ser seguida ou repetida ao acaso, na
página ou aforismo que abrir, também é relevante. Faça o teste,
vá até a página 140 e veja o que Gracián recomendou sobre Não
agir com paixão, ou siga para o seguinte e leia a opinião dele sobre
Quando fizer uma façanha. Ou então na página 177 e reflita sobre
montar a sua equipe.
Poucos livros tem esse senso de praticidade, Antonik tem o mérito
de propor esse resgate potencializado de uma das principais
produções da humanidade. Foi ousado, arriscou tocar num clássico,
mas o fez com enorme competência e responsabilidade, facilitando
ainda mais a aplicabilidade dos ensinamentos na prática
empresarial e mesmo na vida pessoal dos leitores.