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註釋Nos últimos anos temos acompanhado o crescente número de estudantes indígenas que acessam as escolas e as universidades dos "brancos". Ao dominar nossos códigos culturais, eles fortalecem suas lutas pela garantia de seus direitos, o que faz muitos brasileiros afirmarem que "os índios de hoje estão mais espertos". O que Rafael Rogério nos revela em seu livro "Diz o índio...": Políticas indígenas no Vale Amazônico (1777-1798) que essa esperteza dos índios é muito mais antiga. Diante do profundo choque cultural provocado pelo contato que ameaçava o modo de vida dessa população, restava a estes povos aprender a se apropriar dos códigos do colonizador, de modo a garantir e ampliar os direitos que a legislação lhes reservava. Assim, foram muitos os casos em que os índios do vale amazônico, no período colonial, acessaram a justiça denunciando arbitrariedades ou reivindicando o direito de transitar nos espaços coloniais sem embaraços. Tradicionalmente invisibilizados, vistos como "povos sem história", estes homens e mulheres são habilmente recuperados pelo autor em sua condição de sujeitos históricos, impondo limites ao projeto colonizador, ora celebrando conquistas, ora negociando perdas. Desse modo, "Diz o índio..." nos revela vozes silenciadas de povos que sempre tiveram muito o que dizer. (Prof. Márcio Couto Henrique, Professor Associado | Universidade Federal do Pará)