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UCRANIANOS E SEUS DESCENDENTES NO PARANÁ: RELIGIOSIDADE E IDENTIDADES ETNOCULTURAIS
註釋

 

Na última década, o número de estudos acerca da imigração ruteno-ucraniana ao Brasil tem crescido exponencialmente. O estímulo dado a este campo tem ocorrido especialmente através de trabalhos desenvolvidos no quadro dos programas de pós-graduação das Universidades Estaduais do Paraná. Ao mesmo tempo, estudantes oriundos de regiões em que a presença de descendentes da etnia é intensa têm buscado por qualificação em Universidades de outras regiões do País, produzindo dissertações e teses que tratam de diferentes aspectos sociais, históricos e culturais da vida dessas populações. Fora do ambiente universitário, ainda, têm surgido novas publicações de intelectuais orgânicos da etnia, marcando a existência de percepções e pontos de vista diferenciados sobre o assunto, e trazendo à vista, para o público geral, materiais empíricos e relatos de dinâmicas sociais até agora restritos aos círculos dos participantes de associações e grupos familiares destes descendentes.

Os estudiosos de processos migratórios citam com frequência a chamada “lei de Hansen”, segundo a qual a terceira geração de descendentes de imigrantes tende a retomar as tradições de que a segunda se afastou. Por outro lado, referem-se à ideia de “etnicidade simbólica” de Gans, segundo a qual, a partir da terceira geração, os descendentes podem, ao contrário de seus avós e pais, acionar a chave da etnicidade nos momentos em que ela lhes é conveniente – assim como, nos momentos em que o acham necessário, afastar-se dela, mostrando-se aos outros (no caso aqui em questão) como “ucranianos” ou como “brasileiros”. Ideias como estas, acionadas também em alguns estudos deste livro, apenas tomam substância quando se atualizam em pesquisas que confrontem-nas com processos sociais concretos – quando são ancoradas, enfim, em pesquisas empíricas rigorosas e atentas. Pois talvez sejam ainda mais frequentes os casos em que tais “leis”, que pretendem circunscrever sob si a diversidade dos comportamentos humanos, mostram-se inadequadas para a compreensão de casos específicos. O pesquisador que frequentasse os grupos de imigrantes poloneses na periferia de Chicago a partir da década de 1920, investigadas em um texto clássico e fundador dos sociólogos William Thomas e Florian Znaniecki, teria poucas razões para duvidar de tais “leis”. Já um pesquisador que frequentasse as colônias do interior do Paraná nos anos 1940, meio século após a chegada dos imigrantes ucranianos ao local, em um contexto advindo de um Estado ausente mas que neste momento se preocupava com a presença de outras nacionalidades em seu território, teria observações muito diferentes a fazer.