Esse trabalho recebeu o primeiro lugar no prêmio Sandra Jatahy Pesavento do GT de História Cultural da ANPUH. Desde a introdução o autor deixa claro que não pretende discutir o Espiritismo do ponto de vista teológico. É na história do livro e da leitura que inscreve sua investigação. Se para os leitores a autoria é do espírito, a sua problemática é de ordem historiográfica ao pensar a psicografia como uma realidade cultural na qual há a “invenção” dos espíritos autores e a criação de uma imagem autoral que fundam um determinado pacto de leitura. André Seal se debruça sobre os primeiros anos da vida literária de Chico Xavier (1931-1938). Em um primeiro recorte que vai de 1931 até 1934 se debruça sobre os escritos inicias do médium. É quando se estabelece no mercado editorial espírita, mas longe do sucesso de massa que viria a conhecer. O período posterior é dedicado ao estudo da criação dos espíritos autores. Em cada um desses momentos, Chico Xavier é situado dentro das matrizes literárias do Espiritismo no Brasil. Ao mesmo tempo, deixa-se entrever como estas foram apropriadas e mesmo alteradas neste percurso de construção de sua imagem autoral. Ao situar o autor na questão mais ampla da literatura espírita deixa claro que existiram outros projetos literários no país, engendrados coletivamente, e que estes caíram no esquecimento. A psicografia e os espíritos autores definem até os dias de hoje o perfil da escrita espírita. Ao dessacralizar o mito, André Seal faz mais do que um belo, cuidadoso, denso e delicado trabalho de investigação que coloca os estudos sobre a história do livro e da leitura bem como do espiritismo em novas chaves de leitura; ele devolve Chico Xavier ao plano histórico, ao mundo dos homens.