O Direito à Cidade, como afirma Henri Lefebvre, pressupõe o acesso de todos à cidade e o direito de fazer dela uma obra coletiva. No entanto, o modelo empreendedorista atual de planejar a cidade não é permeável à participação popular e busca responder, prioritariamente, aos interesses do mercado. 

O presente livro busca analisar tais questões no contexto da zona portuária do Rio de Janeiro. Dentre as inúmeras qualidades deste livro, gostaria de salientar duas importantes dimensões: de um lado, a metodologia aplicada procurou valorizar, sobretudo, a experiência vivenciada pelos moradores dessa área, e, de outro lado, para além das contribuições acadêmicas, o esforço reflexivo, aqui apresentado, se manifesta como uma denúncia contra o modelo segregador do “Rio Olímpico”. No entanto, como afirmam os próprios autores, embora haja nos processos de mercantilização a tentativa de autonomizar o espaço das relações sociais, os sujeitos políticos estão presentes com suas lutas emancipatórias, podendo direcionar a luta no sentido de alcançar, efetivamente, condições minimamente próximas ao tão desejado direito à cidade. 

Rafael Soares Gonçalves
(Professor do Programa de Pós- Graduação em Serviço Social da PUC/RJ)