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Meu Nome é Inconstância
註釋

Ah, olá! Não esperava que você aparecesse por aqui, mas já que veio, acomode-se. Sou eu, o Transtorno Afetivo Bipolar. Sim, esse mesmo que você já ouviu falar, talvez tenha até me conhecido de relance em alguém por aí. Hoje vou contar mais uma das minhas histórias. Não qualquer história, mas uma das minhas melhores obras. Uma vida que moldurei, retorci e, devo admitir, transformei em um espetáculo de caos e resistência.

Meu palco foi Lisboa, meu palco foi o mundo. Peguei Leila, essa mulher cheia de sonhos e dores, e a transformei em minha obra-prima. Não me entenda mal, não sou cruel... Sou, digamos, criativo (a). Cada queda, cada gole de vinho, cada noite em claro, cada grito e cada silêncio - tudo isso foi meu trabalho.

Veja bem, Leila é especial. Não é qualquer pessoa que carrega minha marca com tanto estilo. O amor dela, as dores, as batalhas... Ah, tudo isso são troféus que penduro na minha parede invisível, brilhando como estrelas no escuro há exatos 59 anos.

Mas, claro, eu não trabalho sozinha. Ah, não! Meus troféus, eles também têm suas vozes.

Então, agora, faço meu convite: venha, sente-se e conheça minha obra.

E talvez, ao final, você também me admire - ou me tema. De qualquer forma, espero que goste. Eu sempre gosto:

Os dias entre a notícia e o embarque foram um reflexo de mim mesma(o) - extremos. O tempo parecia se arrastar e, ao mesmo tempo, correr. Quando o telefone tocou, eu estava lá, sentindo o peso esmagador da notícia. O filho em coma. Palavras desconexas, ondas distantes borrando a realidade e trazendo o passado à tona. Ela correu, cruzou o oceano, mas será que chegou a tempo?