Fundado em 12 de janeiro de 1934, o Sindicato dos Bancários do Espírito Santo denominou-se inicialmente Sindicato dos Bancários de Vitória. Em 2014, portanto, ele completou 80 anos. É um senhor, mas com capacidade de luta dos jovens, revigorado pela tradição que carrega. Este livro recupera sua trajetória. Busca mostrar que precisamos pensar o exemplo dos capixabas na história dos bancários. Para tanto, dividimos o trabalho em quatro partes. A primeira trata das origens e da formação da entidade. A segunda, de sua consolidação. A terceira, do duro impacto da Ditadura Militar na luta sindical. A quarta corresponde ao momento atual, iniciado em 1985. A riqueza deste momento é complementada pela reflexão das políticas permanentes da entidade, seu compromisso com a categoria e com o enfrentamento dos desafios mais amplos colocados pela realidade do país e do mundo globalizado.
A profissão de bancário e seu movimento sindical estiveram profundamente ligados às mudanças do Brasil e do Espírito Santo. Daí relacionarmos esses planos. Também buscamos redigir texto leve, informativo e centrado nas lutas, na realidade da categoria e no papel da entidade em cada momento. Afinal, os fios da História se entrelaçam e se desfazem. Os trabalhadores movem o tear que os unifica, enquanto os patrões e os poderosos buscam esgarçá-los, dividi-los e rompê-los. Em alguns momentos conseguiram, pois nada supera a força das mãos que se entrelaçam. Em vários instantes, os bancários capixabas buscaram reatar os fios partidos: em 1946 após o Estado Novo; na luta memorável de 1951; no seu envolvimento corajoso com as Reformas de Base de 1961 a 64; na redemocratização dos anos de 1980; no duro embate contra o neoliberalismo.
Não é justo resumir uma experiência tão rica em poucas palavras. Daí os símbolos valerem tanto. E esta entidade ofereceu ao povo do Espírito Santo uma imagem do seu compromisso com a coragem, o enfrentamento, a mudança, a ética e a clareza de objetivos. Ela foi travestida num singelo grupo de pessoas mascaradas e vestidas com roupas de trabalhadores, de dedetizadores, de especialistas em “limpar”, no sentido mais amplo e metafórico dessa palavra.
O Comando de Caça aos Corruptos (CCC) ultrapassou o próprio Sindicato, virou símbolo da luta, da oposição aos poderosos e aos seus projetos nebulosos. É mensagem dos bancários a seu povo. Os rostos atrás das máscaras revelam, nada escondem. Revelam que a classe social é um grupo, um coletivo se movendo, exprimindo sua opinião. E o faz no tom jocoso que só os que sofrem entendem.
Muitas foram as peripécias do CCC. Abusado, ele lavou várias escadarias. Reivindicava a erradicação da “sujeira”, mas também podemos olhar em outro sentido, na oferta de um caminho livre de tudo o que “encobre”. Que possa ser pisado por todos, seja na construção de um estado livre da corrupção, seja num destino comum que não divida as pessoas por gênero, raça, classe social.
Nada se faz apenas com boas intenções, mas com ações, buscando unir base e povo, o que foi tão evidenciado na mais bela epopeia desta entidade, que foi e continua a ser a defesa do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) como público, transparente e voltado às necessidades sociais. É clara ilustração de que um pequeno grupo pode “abraçar o mundo”, unificar propósitos, representar interesses. A capital do Espírito Santo, onde o Sindicato foi fundado, tem o nome da chama que a luta pelo Banestes representa: Vitória. Lutar é necessário e vencer é possível. Esta é a história dos bancários capixabas.