Sinopse
Pela 1.ª vez, neste século XXI, se faz uma edição d’Os Lusíadas com o objetivo de tornar o Poema acessível a qualquer falante do português. Para isso, ao lado de cada estrofe colocámos, em prosa, um texto que sugere o modo atual de a ler.
Além disso, anexámos notas explicativas, já que muitas estrofes seriam dificilmente compreendidas sem o apoio de informação, sobretudo histórica, atualizada.
E propomos uma leitura nova do Poema. Os Lusíadas são celebração dos feitos grandiosos dos portugueses, mas, não menos importante, são a sua explicação. Na descrição dos sucessos lusitanos, há de espantar-nos a naturalidade com que as vitórias eram esperadas pelos nossos guerreiros - de tal modo que nem sequer eram motivo de celebrações ruidosas; mas havia agradecimento a Quem lhe esta vitória permitiu (III-82), ou davam graças a Quem lhe deu a vitória (IV-45).
O Poema é demonstração exaustiva de que a nação portuguesa tem a sua origem
1. na determinação, envolvimento e risco pessoal das suas chefias. Notaremos a excelência do tratamento da figura de D. Afonso Henriques, nos Cantos III e VIII; e seremos surpreendidos pela presença de D. João I no meio da batalha de Aljubarrota: Vedes-me aqui, rei vosso e companheiro... (IV-37) - além, evidentemente, de heróis como Nun´Alvares Pereira, D. Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque, D. João de Castro, e...muitos, muitos outros chefes de dimensão sobre-humana. Eles não só decidiram, mas fizeram, correram riscos, sofreram.
2. no Povo que, seguindo os seus Chefes, com eles concretizou sonhos que mais pareciam utópicos do que próprios de humana sensatez (co rei se muda o povo - IV-17).
3. na Fé: co’o braço dos seus Cristo peleja (III-109); Deus peleja /por quem estende a fé da Madre Igreja (X-40) etc...
A prova decisiva de que não era possível a um povo, só por si, criar um tal império, estende-se por 51 estrofes (X - 91 a 146): é a parte elemental da Máquina do Mundo.