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Memórias desimportantes
註釋O personagem/narrador deste livro, Italo Campofiorito não foi apenas um espectador muito arguto do que aconteceu no Brasil por muitas décadas, desde o final dos anos cinquenta até sua morte recente. Ele participou também ativamente dos eventos políticos, sociais e culturais ocorridos nesse período. Nosso personagem foi um arquiteto brilhante. Sua trajetória coincide com a história de enorme sucesso da arquitetura brasileira do século XX. O livro aborda inicialmente sua formação, quando, em uma viagem à Europa, tem o interesse despertado pela tradição da arte ocidental. O contato com a obra do arquiteto renascentista Palladio é então sublinhado. Na volta ao Brasil, nosso personagem entra em contato com Oscar Niemeyer e Lucio Costa, passando a integrar a equipe responsável pela construção de Brasília. A este momento desafiador e glorioso seguem-se outros também importantes ? o da criação da Faculdade de Arquitetura da UnB e o da sua atividade docente. O golpe de 1964 interrompeu a caminhada. Nosso personagem estava entre as centenas de docentes perseguidos e cassados pela ditadura. Segue-se a volta ao Rio, em 1970, e à rotina de um escritório de jovens arquitetos. Mas uma virada ocorre em seguida. A pedido de Darcy Ribeiro nosso protagonista passa a ser o responsável pelo tombamento do patrimônio histórico, cultural e artístico do Estado do Rio de Janeiro. Na mesma época escreve artigos da maior relevância sobre a arquitetura brasileira incluídos no livro. Em seguida, sua atuação à frente do serviço do patrimônio do Rio de Janeiro se expande em âmbito nacional. Ele é chamado para ser o presidente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O leitor teve até aqui uma visão das realizações do personagem na vida pública, mas não teve ainda acesso à chave do livro ? a vida afetiva e amorosa do personagem. Os amigos têm grande importância em sua vida. Mas foi no encontro com um jovem estudante de arquitetura em Brasília que se deu o verdadeiro impacto amoroso. O encontro logo se transformou em amor. A situação perdurou por muitos anos, em Brasília e no Rio. O tempo fez com que aquela força se transformasse na mais preciosa amizade. Isto permite afirmar que o verdadeiro tema de Memórias desimportantes é a amizade ? um assunto tão caro para os antigos filósofos gregos e latinos. A última parte do livro se ocupa da solidão e da velhice, temas considerados marginais geralmente. Mas a referência ao sofrimento do final da vida permite considerar o homem por inteiro. O desenlace desta trajetória, naturalmente, é a morte, que o livro não se impede de considerar. Eduardo Jardim