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Sob um manto mágico
註釋Tomara lugar numa das mesas voltadas para a rua. Sentado ali, aguardava a abertura da cozinha para o almoço, dali um terço de hora no mais tardar. Os instantes escorreram ao passo dum rio que se movia ou mais rápido ou mais devagar, sem precisão.Enquanto esperava, pensava o quão devagar sua maneira de sentir retornava ao que era antes da guerra, embora diferenças subsistissem. Devagar seu espírito se ajustava ao novo corpo e este ao ambiente mudado, tudo tão natural. O momento que passara ao piano despertara sensações e sentimentos que Anton cuidava mortos, coisas de que se esquecera, que não mais faziam parte de seu pensamento. Que mais lhe aguardava? Desejava sabê-lo. Dentro do restaurante, as mesas quadrangulares estavam dispostas num padrão irregular. A maioria da freguesia ainda folgava com bebidas quentes e pãezinhos, sobras do pequeno- almoço, hesitando levantar e sair. Outra parte, consumia apenas petiscos para enganar o estômago. Um que outro aprazia-se com canecas de cerveja no bar. O rumorejo proletário e pequeno-burguês, preguiçoso àquela hora, incomodava Anton Sigismund. Aquela transposição do plano musical que experimentara na loja de Selietzschek para aqueloutro mais humano, tão-só humano, era, no mínimo, estranho. Ainda revolviam em seu corpo a tensão das notas que arrancara do Bösendorfer.