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O Corte dos Genitais Femininos em Portugal: O Caso das Guineenses
註釋

O objectivo central que sustentou o presente trabalho consistiu no aprofundar do conhecimento relativamente superficial sobre a Geografia da Saúde da População Imigrante, isto é, sobre o acesso e a utilização aos cuidados de saúde e sobre o estado da saúde de um grupo populacional, que embora estatisticamente relevante, não tem despertado o interesse de investigações no sector da saúde.

O desfasamento entre os níveis de produção de conhecimento científico na temática da saúde da população imigrante registados em Portugal comparativamente aos observados em países como o Canadá, os Estados Unidos da América ou Holanda, assim como os efeitos negativos, directos e indirectos, desse desconhecimento, justificaram a necessidade de desenvolver este trabalho. Embora a investigação em Geografia da Saúde esteja a adquirir uma nova escala, nos anos mais recentes, persistem a nível nacional inúmeras temáticas por abordar. Do mesmo modo, os trabalhos académicos sobre imigração no contexto da Geografia portuguesa têm-se vindo a multiplicar, no entanto, marginalizando na maior parte das vezes a questão da saúde como factor de integração e, em trabalho algum conhecido, centrando-se totalmente no tema da saúde da população imigrante. 

Tendo como objectivos centrais o conhecimento da tipologia de acesso e utilização aos cuidados de saúde, a respectiva identificação das principais condicionantes e do estado de saúde dos imigrantes africanos, o presente trabalho divide-se em três grandes momentos. A primeira parte tem como finalidade fazer uma apresentação global da Geografia da Saúde e uma reflexão em torno dos principais conceitos para a compreensão deste tema. Na segunda parte apresenta-se o Sistema Nacional de Saúde, o debate e o quadro legislativo que regula o acesso e a utilização dos imigrantes aos cuidados de saúde e uma reflexão sobre a concentração dos imigrantes em cidades, em particular, no caso da Área Metropolitana de Lisboa (AML). A terceira parte consiste no desenvolvimento da parte prática que se centrou na AML a partir de cinco casos de estudo, a Quinta da Serra, Santa Filomena, Alta de Lisboa, Bairro Amarelo e Quinta da Princesa. O seu estudo visa a compreensão do tipo de acesso e utilização que os imigrantes fazem dos cuidados de saúde, das barreiras que se colocam ao seu acesso e utilização, do seu estado de saúde, nas principais determinantes de saúde e na satisfação desta população com a prestação destes cuidados de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.

A integração dos imigrantes na sociedade de acolhimento é uma necessidade cuja omissão tem custos muito elevados. Atendendo a que a integração dos imigrantes passa necessariamente pela saúde, e que estes são hoje elementos centrais num urbanismo multi-étnico, a sustentabilidade das cidades e das grandes metrópoles implica necessariamente a promoção de sistemas de saúde mais equitativos. É em torno desta ideia, que partimos para a investigação.