Alguns historiadores afirmam que “A história é a ciência do passado”, mas, como afirma Marc Bloch (2001, p. 67), a história é, na verdade, “a ciência dos homens no tempo”. Assim, podemos concordar que, sendo o tempo matéria primordial da história, resgatar, narrar e viver essa cronologia tem permitido conhecer fatos, entender contextos, conhecer escolhas, distinguir trajetórias, entre tantas outras possibilidades.
O instrumento principal da cronologia é o calendário, que vai muito além do âmbito histórico, sendo um quadro temporal do funcionamento da sociedade. É o produto e a expressão da história. “Ele manifesta o esforço das sociedades para transformar o tempo cíclico da natureza, num tempo linear escandido por grupos de anos. […] Dessa forma, a história é feita segundo ritmos diferentes para cada um de nós” (Le Goff, 1990, p. 8). Tanto assim, que no quadro temporal contido em um calendário é possível não somente apreciar e reconhecer trajetórias, mas conhecer o funcionamento da sociedade, em seus mais diversos níveis de desenvolvimento.
E foi exatamente esse o sentimento resultante quando da leitura de cada uma das entrevistas contidas no livro A voz e vez da redação: memórias da trajetória de formação do telejornalista brasileiro 1950 – 2000, da professora Dr.ª Valquíria Aparecida Passos Kneipp. Uma narrativa carregada de história, de trajetórias e de desenvolvimento. Repletas de significações, as lembranças de cada entrevistado evidenciam os exercícios de reconstrução de uma narrativa recheada de sentidos, sentimentos e de apontamentos.