Este estudo está organizado em quatro grandes capítulos. O primeiro corresponde à discussão teórica da temática da inserção dos imigrantes e minorias étnicas, elaborado essencialmente com base numa análise bibliográfica. Procurou-se, por um lado, apresentar os modelos teóricos mais frequentemente adoptados pelos Estados face à imigração e, por outro, identificar os principais tipos de factores que intervêm no processo de adaptação dos imigrantes ao país de acolhimento. Procedeu-se, por fim, a uma particularização desta teoria ao caso dos seus descendentes.
No segundo capítulo analisam-se as políticas de imigração seguidas por Portugal e a legislação nacional relativa a imigrantes e estrangeiros. Esta discussão procurou privilegiar os aspectos que mais directamente se relacionam com o grupo em estudo – os descendentes de imigrantes e minorias étnicas. Notar ainda que a legislação e as políticas, directa ou indirectamente relacionadas com a imigração e minorias étnicas, desenvolvidas por um Estado revelam muito sobre o seu posicionamento teórico face a estas questões.
Ao nível legislativo prestou-se especial atenção à questão da aquisição da nacionalidade portuguesa e à regulação da entrada, residência e expulsão de estrangeiros (notar que parte significativa dos descendentes de imigrantes e minorias étnicas presentes em Portugal são estrangeiros).
É também apresentada uma breve evolução da política de imigração em Portugal, tendo sido expostas com maior pormenor algumas medidas políticas que procuram contribuir para apoiar a adaptação dos imigrantes e minorias étnicas e seus descendentes, nomeadamente a criação do Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas (Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas desde 2002), os processos de Regularização Extraordinária de Estrangeiros em Situação Irregular e algumas medidas de combate ao racismo e discriminação e à exclusão social. O terceiro capítulo consiste numa apresentação das principais características da comunidade angolana residente em Portugal, na qual o grupo de descendentes de angolanos e lusoangolanos está integrada. Este consiste também num dos aspectos identificados no primeiro capítulo como um vector com influência na inserção dos indivíduos em estudo.
Num primeiro ponto deste capítulo procede-se a uma breve análise da evolução e caracterização dos fluxos migratórios para Portugal, deslocando-se em seguida o foco de análise para o caso particular dos indivíduos de origem angolana. Para a caracterização da comunidade angolana recorreu-se aos dados oficiais disponíveis e complementou-se esta informação com elementos recolhidos através da aplicação de um questionário a indivíduos de etnia angolana nascidos em Portugal ou trazidos para o país em criança.
Por fim, o quarto capítulo corresponde à parte prática do trabalho, pretendendo-se, através da análise dos resultados da aplicação do inquérito acima mencionado e das entrevistas realizadas, por um lado, caracterizar o grupo de descendentes de angolanos abrangidos na amostra e, por outro, discutir, numa óptica de avaliação, a inserção destes indivíduos e alguns dos factores que a influenciam.