A crítica textual é uma disciplina filológica que se ocupa do texto em processo de produção e em processo de transmissão.
Na primeira vertente, manipula os manuscritos autógrafos e todas as marcas nele deixadas pelo autor e que documentam o processo de representação textual condicionado pela intenção do autor e pelo sistema linguístico por ele usado, desde a forma mais primitiva do texto (rascunhos) até ao seu nível terminal ou à sua forma final.
Na segunda vertente, considera a existência de um original – presente (que observa e manipula) ou ausente (que postula e conjectura) – e a tradição dele derivada, partindo depois para o estudo dos afastamentos da tradição face ao original, quando este está presente; ou para a reconstituição da lição mais próxima da que terá sido no original, quando este está ausente. Os ensaios aqui reunidos documentam um conjunto de reflexões teóricas e de práticas do autor sobre a crítica textual em geral, e a genética em particular, resultantes do estudo de manuscritos medievais e de manuscritos autógrafos de grandes escritores portugueses como Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, José Régio ou Vitorino Nemésio.