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註釋No dia 15 de agosto de 1974, no Palácio Itamaraty, em Brasília, o chanceler brasileiro Azeredo da Silveira e o vice-ministro do Comércio da China, Chen Chien, formalizaram o início de uma nova era das relações bilaterais. Portanto, em 2024, comemoram-se 50 anos da retomada das relações diplomáticas entre os dois países. A publicação de Montanhas e pescadores participa desse espírito de celebração e pretende projetar um novo momento no diálogo transcultural Brasil-China. Este livro tem um traço original: a introdução e os 17 capítulos apresentam o pensamento chinês contemporâneo no fluxo das principais preocupações que moldam a universidade chinesa. No campo dos estudos literários e culturais, Montanhas e pescadores vale por uma fotografia panorâmica do estado da arte da pesquisa de ponta na área das Humanidades. Uma vez que Brasil e China não se encontram no centro do mercado internacional de bens simbólicos, uma pergunta comum se impõe: como reagir à hierarquização das relações internacionais? Há obsessões estruturadoras da abordagem e da visão do mundo dos pesquisadores chineses que também constituem a nossa visão do mundo e abordagem. É fascinante perceber que respostas vizinhas foram desenvolvidas nas culturas chinesa e brasileira. Eis o caminho forjado como reação à assimetria das trocas culturais: ampliar ao máximo o fôlego de leitura, estudar idiomas, familiarizar-se com o estrangeiro, desrespeitar deliberadamente limites e fronteiras; numa nota bem-humorada, andar à roda de uma biblioteca com um número sempre crescente de estantes. Não se trata de uma questão meramente quantitativa, porém da elaboração de complexas sínteses críticas de um repertório formado com base no trânsito entre o próprio e o alheio, o local e o global. Numa palavra: antropofagia - tanto chinesa quanto brasileira. Surpreender esse vínculo é a primeira pedra da ponte cuja construção é a tarefa histórica decisiva dos dois países. Um futuro comum será tanto mais potente quanto mais sólida e rápida for a sua edificação.