A denominação “geografia” sempre esteve associada a conhecimentos que se individuali zavam por meio da articulação de outros conhecimentos, tendo essa relação de saberes distintos como forte elemento de autoidentificação. A geografia foi, em diferentes momentos e formula ções, pensada como um campo de interrelacionamento de estudos tópicos de variados fenôme nos e processos. Uma área de diálogos e conexões entre teorias díspares. Uma base comum de aproximação de diferenciadas ciências. Enfim, um campo transdisciplinar, avant la lettre. Não raro este intuito integrador esteve identificado com um conceito, entendido como uma realidade material ou como um ângulo de observação da realidade. Em algumas concepções, a “superfície terrestre” fornecia o indicador que delimitava a especificidade do campo disciplinar, conformando uma ciência telúrica.
Em outras visões, o “espaço” cumpria tal função, com o nexo entre os fenômenos advindo da sobreposição de suas espacialidades. A “região”, a “paisagem”, e o “lugar” também foram mobilizados nas tentativas de construção (ontológica ou epistemológica) do objeto geográfico. Em tal percurso – razoavelmente linear enquanto geografia “moderna” – foi se sedimen tando, teórica institucionalmente, uma tradição acadêmica contemporânea. Uma tradição com demarcações cambiantes e fronteiras abertas, marcada por fortes influências extradisciplinares. Nessa dinâmica, corporificam-se geografias singulares, umas com pretensão sintética, outras especializadas. Algumas diretamente d erivadas de debates com disciplinas específicas, outras almejando um patamar universalizante quase filosófico. Umas de marcado caráter empírico, ou tras eminentemente teóricas. Mais que uma eventual “essência” geográfica, a presente coleção visa captar a diversidade e a dinâmica exogâmica que acompanha a história da disciplina. Mapear as geografias e suas adjacências.