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註釋

Partindo da constatação de que, apesar de todo o normativo nacional e internacional ser orientado para a promoção da igualdade entre as crianças e jovens autóctones e imigrantes, persistem, ainda assim, discrepâncias significativas no seu desempenho escolar, este estudo procura contribuir para o conhecimento dos fatores preditivos que ajudem a explicar essas diferenças e a delinear políticas públicas e intervenções sociais que fechem esse hiato.


De modo a atingir esse objetivo, o presente estudo vai além da generalidade dos trabalhos sobre este tópico que interrogam o contexto português, adotando uma noção de adaptação mais holística e que inclui outros indicadores para além daqueles de desempenho académico. Em consonância com referências teóricas que enfatizam também os papéis do “bem-estar psicológico (e.g., autoestima positiva)” e do “sucesso em tarefas de aculturação (e.g., aprendizagem dos valores da cultura de origem e de chegada)”, este estudo “testou um modelo teórico que considera o papel explicativo combinado das preferências de aculturação e da perceção de discriminação na integração socioeducativa das crianças e jovens imigrantes e descendentes de imigrantes”.


Mais concretamente, procurou-se aqui aferir e comparar a adaptação de crianças e jovens imigrantes, descendentes de imigrantes, e nacionais de origem portuguesa ao nível do desempenho escolar, bem-estar socioemocional, e aceitação pelos pares. Foram também envidados esforços no sentido comparar as efetivas preferências de aculturação dos (descendentes de) imigrantes e dos nacionais de origem portuguesa com as suas perceções sobre as preferências do outro grupo. A um terceiro nível, procurou-se relacionar “as preferências de aculturação das crianças e jovens imigrantes e os seus níveis de adaptação objetivos (desempenho escolar) e subjetivos (bem-estar socioemocional e aceitação pelos pares)”.


Procurou-se ainda perceber em que medida a perceção que as crianças e jovens imigrantes e descendentes de imigrantes têm relativamente à sua discriminação tem impacto nas estratégias de aculturação que desenvolvem e nos respetivos níveis de adaptação em termos de desempenho académico e bem-estar socioemocional e aceitação pelos pares. Por último, explorou-se ainda a possibilidade de a perceção de discriminação ter um impacto diferenciado sobre a adaptação das crianças e jovens através das suas preferências de aculturação.


Conclui-se pela existência de uma “configuração de orientações de aculturação de tipo conflituante, em que as estratégias de aculturação preferidas e as percebidas como preferenciais na sociedade de acolhimento diferem”, resultado que leva os autores a exortar ao aprofundamento desta linha de pesquisa em estudos futuros. Outro resultado saliente é a existência de uma relação negativa entre estratégias de aculturação que envolvem maior aposta no contacto com a sociedade de acolhimento e o desempenho escolar, um resultado que os autores interpretam como sendo uma consequência das experiências de rejeição vividas em função dessa maior abertura à sociedade de acolhimento.


Atendendo a estes e outros resultados, os autores recomendam a inclusão explícita nas matrizes de avaliação externa e interna dos Agrupamentos de Escolas de indicadores associados ao desenvolvimento de políticas institucionais de integração de alunos imigrantes e de alunos descendentes de imigrantes. Propõem ainda a monitorização do bem-estar socioemocional e do desempenho dos alunos das três categorias “para avaliar o progresso e a eficácia das medidas implementadas, ao nível de cada Agrupamento de Escolas e ao nível do sistema educativo em geral”. Outras recomendações passam pelo fomento do “contacto positivo entre alunos autóctones e alunos imigrantes ou descendentes de nacionais de países terceiros”, pela valorização explícita e promoção ativas das línguas e culturas de origem, e ainda pela formação contínua dos diversos atores da comunidade educativa.