登入選單
返回Google圖書搜尋
Quem arisca não petisca: uma interpretação psicanalítica da anorexia nervosa
註釋O livro de Maria João Sousa e Brito Quem arisca, não petisca- - Uma interpretação psicanalítica da anorexia nervosa traz para o meio científico nacional urna contribuição valiosa para a compreensão dos distúrbios do comportamento alimentar. A anorexia nervosa (ou anorexia mental) tem sido considerada por muitos investigadores como doença do século, da moda, pela facilidade de entrecruzamento entre estereótipos sociais ligados à representação do corpo feminino e o corpo anoréxico como limite desta mesma representação. Tais contribuições, ao insistirem numa fenomenologia do efémero, alienam-se por aí das invariantes psicológicas que fundamentam hoje como ontem e ontem como amanhã as complexas relações entre o feminino e o maternal. Tanto mais que a estas está fadado no devir adolescente o questionamento, a perplexidade e o desencontro. As angústias de natureza psicótica emergentes, sem com isso nos referirmos à psicose stricto sensu, evadem o campo da consciência na fronteira somato-psíquica, catastrofizando muitas vezes o lugar emergente a saber o da sexualidade feminina. Que as anoréticas não gozam é sabido. Porque é que não gozam é outra coisa. Essa outra coisa, reenviando à idealização, ao perfeccionismo quase delirante, ao narcisismo que raia o narcisismo de morte, ou tão só a uma impossibilidade de pensar, essa outra coisa dizia, abre-se com uma nova luz na obra agora dada pública. Por isso este livro não contém nenhum segredo de culinária. Ou seja, nele não se descrevem formas de ajudar a paciente anoréxica a lidar com a alimentação etc. Não que tais aspectos não sejam significativos. Mas a autora, que tal como nós acredita que a fundamentação significa voltar aos fundamentos da coisa, a eles dedicou reflexão aprofundada. Balanceado entre a descrição de um modelo teórico, baseado essencialmente na obra de Wilfred Bion e a insupor ilidade da clínica, o livro Quem arisca, não petisca- Uma interpretação psicanalítica da anorexia nervosa constitui por isso um valioso instrumento de trabalho para aqueles que se interessem seriamente em compreender problemática tão complexa. Recomendo pois vivamente a sua leitura a todos os técnicos de saúde mental com a certeza de que as dúvidas que o livro levanta, farão nascer dúvidas tão criativas como as que permitiram a feitura desta obra.Carlos Amaral Dias in Prefácio ÍNDICE PREFÁCIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - A ENTREVISTA CLÍNICA COMO MÉTODO DA INVESTIGAÇÃO PSICANALÍTICA 1.1 - Função metódica da entrevista clínica 1.2 - A análise como um processo de transferência em Freud 1.3 - Processo analítico como processo de at-one-ment em Bion e Amaral Dias CAPÍTULO II - ESQUEMA INTERPRETATIVO PSICANALÍTICO DE PARTIDA- ASPECTOS METODOLÓGICOS E REFERÊNCIAS À ANOREXIA 1.1 - A psicanálise de Freud entre o positivismo e a hermenêutica 1.2 - A primeira fase- Projecto para uma Psicologia Científica (1885) 1.3 - A segunda fase- A Interpretação dos Sonhos (1900) e Sobre os Sonhos (1901) 1.4 - A terceira fase- Artigos sobre metapsicologia (1914-17) 1.5 - Referências à anorexia 2.1 - A psicanálise de Bion. Análise da supervisão de um caso de anorexia nervosa 2.2 - 1.a tese- A memória não faz sentido 2.3 - 2.a tese- O modelo médico encobre mais do que revela 2.4 - 3.a tese- Esperamos que o facto de que o analista pode estar em companhia mental da paciente, possa ajudá-la a crescer e desenvolver 2.5 - 4.a tese- O problema imediato sem dúvida é- o que irá o analista dizer para esta paciente 2.6 - 5.a tese- Nós estamos em uma posição singular se não formos nós, não será ninguém mais 2.7 - 6.a tese- No consultório existem três pessoas- o analista que está completamente consciente, e que continua consciente, o paciente e o inconsciente do paciente. Bem, nós podemos tentar dizer a ela alguma coisa, na esperança de que ela possa passar isto para o seu inconsciente 2.8 - 7.a tese- Quando esta paciente vem ao analista ... existem três pessoas lá-... o analista, a pessoa adulta e um bebé muito prematuro e muito precoce 2.9 - 8.a tese- Uma luta está sendo travada entre o que poderíamos chamar de sanidade e insanidade, nascimento e não- nascimento, comer ou morrer de fome, raquitismo e atletismo, ser mentalmente activo ou mentalmente morto 2.10 - 9.a tese- Este é o problema da pessoa sábia ou inteligente, que não ousa se tornar livre, e que não ousa, por outro lado, prosseguir encapsulada CAPÍTULO III - CASOS CLÍNICOS 1. PRIMEIRO CASO- A MATILDE 2. SEGUNDO CASO- A HELENA 3. TERCEIRO CASO- A RITA CAPÍTULO IV - REFLEXÃO CRÍTICA E CONCLUSÕES SOBRE OS CASOS CLÍNICOS RECENSÃO Quem não arisca não petisca. Uma famosa frase que vem agora lembrar o título do livro de Maria João Sousa e Brito, psicóloga com muitos anos de experiência no campo da anorexia nervosa. Uma interpretação psicanalítica desta doença, que é retratada pela autora de uma forma metódica, através de bases como Freud e Bion. A recusa do próprio corpo é a principal causa desta grave patologia, que fixa os doentes na procura impossível de uma perfeição uma vez sonhada. Com testemunhas reais, este livro, é uma contribuição valiosa para tornar acessível a qualquer leigo, a compreensão de uma perturbação alimentar, infelizmente actual e quase moda na nossa sociedade. in Correio da Manhã, 19 de Maio de 2001 Apelidada e tratada como a doença da moda, dedicam-lhe programas inteiros de televisão, páginas e páginas de revistas e jornais e a própria moda da moda sofreu as consequências directas de nela se ter visto a grande culpada e sobretudo a grande incentivadora à existência de tal doença, a anorexia nervosa, doença do foro psíquico, desordem alimentar. Maria João Sousa e Brito é psicóloga clínica e há oito anos que começou a trabalhar nesta área no Hospital de Santa Maria em Lisboa. Deste trabalho de acompanhamento dos casos clínicos de anorexia nervosa que lhe passaram pelas mãos resultou agora um livro, chama-se Quem não arisca não petisca e é uma interpretação psicanalítica da anorexia nervosa. É um pequeno livro, uma reflexão que se destina sobretudo e talvez antes de mais em técnicos de saúde mental. Mas é também um livro que ao apresentar a problemática ou o modelo de acompanhamento psicoterapeutico seguido e alguns dos caos clínicos de forma sistemática metódica e extremamente clara pode ser lido por quem de facto se interessa pela doença. Há no entanto uma ressalva a fazer em relação a este livro- este não é um livro de solução, é um livro de reflexão e assim não há neste livro qualquer intenção de apresentar uma solução ou método infalível a seguir com vista à resolução de casos de anorexia nervosa. Mafalda Lopes da Costa in TSF, 4 de Junho de 2001