Nas culturas contemporâneas, o autismo é geralmente entendido como um distúrbio biomédico. Um modelo biomédico de autismo surgiu tem como premissa a visão de que o autismo é um distúrbio/incapacidade cognitiva. Mais recentemente, surgiu um modelo diferente de compreensão do autismo; esta é a visão de que o autismo é uma maneira 'diferente' de ser ('modelo de diferença') como resultado de 'cérebros com conexões diferentes'.
O modelo de déficit defende a pesquisa sobre a base biológica e o tratamento do 'distúrbio', enquanto um modelo de diferença sugere que as pessoas que se identificam com o rótulo de autismo são um grupo minoritário que se organiza em torno de sua cidadania biológica e, como tal, devem ter igualdade de direitos semelhantes aos de outros grupos marginalizados (como por raça, classe e gênero).
Vemos os estudos críticos do autismo como um esforço interdisciplinar reunindo ideias de uma variedade de perspectivas, como psiquiatria crítica, psicologia crítica e comunitária, ciências sociais, estudos sobre deficiência, educação, estudos culturais e 'especialistas por experiência'.
O objetivo geral deste e-book é desestabilizar qualquer um dos entendimentos aceitos atualmente que veem o autismo como um distúrbio biomédico de base biológica ou diferença cerebral. Será examinado as alegações pseudocientíficas sobre as quais o autismo como distúrbio biológico e a diferença se baseiam, bem como explorar como o autismo é produzido, consumido e mercantilizado e com que propósitos, neste século, enquanto estar atento ao impacto desses debates na vida das pessoas rotuladas com autismo. Vamos aqui neste e-book: Desafiar a base de evidências para modelos biomédicos de autismo; Explorar o impacto do diagnóstico na experiência vivida de pessoas assim rotuladas; Oferecer uma crítica conceitual da produção, consumo e mercantilização de autismo neste século em um contexto global; Explorar ideias para prestação de serviços e práticas que vão além do foco no diagnóstico. O e-book também busca desenvolver estudos críticos do autismo como um domínio conceitual distinto.
Nosso foco é alcançar pessoas rotuladas com autismo e suas famílias e aliados e aos profissionais que trabalham com eles em saúde, educação e assistência social. Ao nos envolvermos com abordagens e compreensões críticas do autismo, pretendemos inspirar as pessoas a pensar e trabalhar de maneira diferente com pessoas rotuladas como autistas e a responder de maneira capacitadora à diferença e diversidade percebidas. Sabemos que se envolver com a perspectiva dos estudos críticos do autismo é um esforço complexo e sensível, mas esperamos que os leitores se envolvam com este texto no espírito em que foi escrito: um de abertura, investigação e o desejo de ajudar a melhorar a vida das pessoas.